terça-feira, 3 de novembro de 2009

Miles Davis - A Tribute to Jack Johnson



Antes de qualquer observação, algo é preciso ser dito: Miles Davis. Melhor que um selo de qualidade (e o é), esse nome ilustra o jazz em diversos níveis que levaríamos um bom tempo para explicar e não teríamos a imagem tão clara senão com... Miles Davis. Quando gravou A Tribute to Jack Johnson, em fevereiro e abril de 1970, a influência do rock já era sentida no mercado de jazz. Miles já tinha pego essas influências há alguns anos, mas ao ser chamado pra compor a trilha sonora do documentário de William Clayton sobre o peso pesado Jack Johnson era inevitável aliar o boxe ao crescente material fusion. Ele também começou a praticar o esporte, que pode ser muito prejudicial a um trompetista: um soco na boca pode condenar o trumpete a semanas de solidão até o lábio cicatrizar.

Uma prática tão dinâmica quanto violenta pedia uma mudança também inesperada nas músicas por encomenda e nada melhor que o rock'n'roll para embelezar jebs e cruzados de direita. Após o mind-blowing Bitches Brew e o profundo In A Silent Way, a estrutura de Right Off e Yesternow lembra os intervalos entre guarda levantada e ataques certeiros. Além do documentário pro qual foi escrito, os acordes também combinam com outras cenas de boxe clássicos, como Rocky, Touro Indomável e Cinderella Man. Experimente a fusão do boxe com o fusion e verá.

Miles Davis foi muito criticado ao apostar pesado no jazz+rock. Foi chamado de traidor da causa, vira-casaca e até de roqueiro, uma ofensa nada legal entre os puristas do jazz. Com o começo dos anos 60, o jazz enfrentou duas décadas de vacas magras até se recuperar novamente nos anos 80. Os músicos de sucesso conseguiram viver de shows ao redor do mundo, como foi o caso de Dexter Gordon, Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan, mas o fluxo de novidades no gênero foi escasso. O grande fator foi o fenômeno que o rock e o folk provocaram: Rolling Stones, Bob Dylan e outros ícones surgiram nessa época e tiram o jazz do main stream musical. Muitos haviam pensado que o ritmo morrera e não conseguiria sobreviver senão de nostalgia dos anos dourados.

Porém, Miles Davis não se abalou: desmontou o que foi considera
do seu primeiro quinteto clássico (Jimmy Cobb na baterial, Bill Evans e Wynton Kelly no piano, Paul Chambers no baixo, Cannonball Adderley no sax alto e John Coltrane no sax tenor) para formar o segundo, composto de talentos consagrados, como Ron Carter no baixo, e novatos tipo Herbie Hancock no piano, Wayne Shorter no sax tenor e o prodígio Tony Williams, de 17 anos, na bateria. Essa formação foi utilizada numa excursão na Europa em meados de 1963. Um pouco antes disso também contou com Hank Mobley no sax tenor e Sonny Stitt no alto, mas o pacote ficou melhor somente com um trumpete e um sax. O grupo foi um grande êxito no delicado circuito jazzístico daquele tempo. Ao fim dos anos 60 e já sentindo que perdia adeptos, Miles resolveu mudar.



Será que dá pro primeiro round?


Como já dito,
Bitches Brew foi a pedra fundamental na radicalização de si e sua música. Largou os ternos, mudou a capa de seus álbuns e contratou uma legião afinada com equipamentos elétricos: desde Chick Corea e Joe Zawinul nos teclados ao brasileiro Airto Moreira nas percussões engrossaram os discos que antes não contavam com mais do que 5, 6 pessoas no estúdio. Logo depois veio In A Silent Way, cheio de melodias introspectivas conversando com sintetizadores e guitarras, outro exemplo da linha tênue entre rock e jazz que Miles queria, quase um cool batizado com soul.

Toda essa evolução musical, esse conceito que abrange elementos de Jimi Hendrix e James Brown ao inovador jazz pré-70 foi decisivo na hora de aceitar o convite
e compor para o filme de William Clayton. Seria difícil passar movimento pra tomadas de Johnson com My Funny Valentine ou Freddie Freeloader ao fundo. Mesmo
Bitches ou Silent não mostram o choque do drum'n'bass que Tribute to... constrói. Em Right Off, o andamento é mutante e acompanha o andar que cada solo sugere, o que traz à mente um entrosamento dinâmico entre batera, baixo e órgão. Com Hancock, único remanecente do quinteto pós-Kind Of Blue, o órgão se mistura com a simplicidade típica de Herbie e o sax soprano alterado de Steve Grossman sem confusões, um pergunta, o outro responde direto. John McLaughlin não se reserva apenas o direito de background e traz a história do rock em toda nota distorcida, dissonante ou límpida que inventa. Aqui um começo de luta é sugerida a cada instante, sem pensamentos, só pancada, só investida, sem tempo pra defesa.

A seção rítimica (a cozinha, como muitos chamam, mas ainda não me acostumei ao termo) conta com Billy Cobham e Jack DeJohnette na bateria, sem falar em Dave Holland e Michael Henderson nos baixos elétricos. Os quatro não gravaram simultaneamente as duas faixas: se o tivessem feito, o som seria imbatível.

Jack Johnson


A história das composições é tão improvisada quanto ao resultado: McLaughlin estava treinando alguns riifs no estúdio, quando Michael Henderson e Billy Cobham se juntaram a ele. Hancock, que estava no prédio realizando outra sessão, foi convidado pelo produtor Teo Macero e somou-se logo antes de Miles Chegar. Dizem que há trechos de Sing a Single Song, de Sly and the Family Stone, em Right Off, sem contar que a linha básica do baixo elétrico em Yesternow é uma variação de Say It Loud - I'm Black and I'm Proud, de James Brown. É complicado atestar se houve plágio, adaptação ou simples inspiração nestas músicas, mas que o conjunto deu o caldo perfeito, isso deu.

Yesternow começa como um segundo round, com os músicos-lutadores já aquecidos e sem partir pro ataque: já sabem como o adversário (não perco a metáfora nunca!) age e vão se aproximando
de canto até o golpe certo. No meio de tudo isso, lá pelos 12 minutos, o clima muda e quase vejo uma luta de boxe em slowmotion a minha frente: o momento do derrotado chega, ele sabe que vai perder, se agarra a uma esperança que nunca chegará. Daí vêm o prazer do vencedor, a guitarra de McLaughlin ensaia uma linha de euforia junto com Miles: com segurança ele desafia a si mesmo a encontrar a brecha mais dolorosa do oponente e encontra. Mesmo assim, vencer depende de acabar com o outro, de lhe trazer humilhação em troca de glória, a confusão mental finalmente vem a tona e pede uma medida drástica: bater e ganhar. Do clímax vêm a reflexão: não sei de quem, mas a verdade aparece: o dor e o prazer vivem em paz.

Logo nos últimos quinze segundos, a famosa frase do pugilista Jack Johnson é dita pelo ator Brock Peters como um trófeu pra os que vencem e aos que sucubem, mas com diginidade:
"I'm Jack Johnson -- heavyweight champion of the world! I'm black! They never let me forget it. I'm black all right; I'll never let them forget it." Eu digo: "And why would we do that?"

2 comentários:

quilombo disse...

REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA! 1
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada a elite mundial, é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo este afro-ameríndio descendente vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosas quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.Movimento Revolucionário Socialista QUILOMBOLIVARIANO
vivachavezviva.blogspot.com/
quilombonnq@bol.com.br
Organização Negra Nacional Quilombo
O.N.N.Q. Brasil fundação 20/11/1970
por Secretário Geral Antonio Jesus Silva

quilombo disse...

REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA! 2

Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder Zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar as histórias dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Oswaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam.Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Argentina, Boliviana, Peruana, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King,Malcolm X Viva Oswaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores do Brasil e de todos os povos irmanados.
Movimento Revolucionário Socialista QUILOMBOLIVARIANO
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Organização Negra Nacional Quilombo
O.N.N.Q. Brasil fundação 20/11/1970
por Secretário Geral Antonio Jesus Silva