quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Avishai Cohen - Continuo (2006)

A primeira impressão que tive ao ouvir as músicas de Avishai Cohen em seu perfil do MySpace se desfez após escutar o álbum Continuo. Gravado em 2006 com o clássico trio piano-baixo-bateria, as composições de Avishai Cohen não se sobressaem de maneira alguma, caindo no ostracismo que a liderança do piano sugere nesse tipo de formação.

Ao tentar seguir uma postura somente de acompanhante e deixando tudo a cargo do pianista Sam Barsh (inclusive a batuta de melodista) e se reservando apenas como contraponto, Cohen tenta voltar no tempo e fazer mais um álbum de jazz modal, porém peca pela falta (isso, falta) de modulaçãoes entre os temas que sonham em ser mais pretensiosos como One For Mark e Samuel.



A exceção dos temas muito tecnicamente gravados (para fazer a pena ouvi-lo) é a música Continuo, que dá nome ao álbum. Ao trocar o contrabaixo acústico pelo elétrico e adicionar percussão oriental, as experimentações que lembram fortemente a música árabe trazem de volta o entusiasmo de Cohen pela música de seu país, Israel e a credibilidade em seu talento. Apesar da mudança de estilo (do jazz pro árabe) só ficar evidente na metade da música, a lenta transição dá mais uma possibilidade no caldeirão de estilos que o jazz tem sido misturado. É aqui que nos deparamos com uma característica cada vez mais difundida nas gravações acústicas: a risada ao fundo. É uma experiência ótima escutar uma faixa com a certeza da diversão dos músicos dentro de um estúdio fechado, talvez gravando há horas o repertório combinado. E mais: certamente não vejo isso como uma falha do técnico e sim como mais uma nota na música.

Outro exemplo que sai do convencional é Smash, o hit mais alto do álbum. Com Avishai tocando o 'baixo-guitarra' e dividindo um pouco dos graves com o piano, a música têm uma melodia mais elegante e (por que não?) liberdade no meio de tanto ensaio agendado.

O ouvidos que conhecem as mudanças de harmonia e velocidade de Charles Mingus não devem ouvir este trabalho em particular de Avishai Cohen com muita expectativa. Assim como Mingus (em álbuns trabalhos), Cohen tentou mostrar que sabe tocar conforme o clube manda, mas não precisa fazê-lo só para agradar aos donos e sim dispensar as harmonias fáceis e partir pro improviso que, aliás, traz mais púlico.

A bateria é de Mark Giuliana e Amos Hoffman toca oud em Continuo.

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