quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Um scat, um sorriso



Ao ver a lista de músicos de jazz escalados para a próxima edição do Tim Festival 2008 você verá um nome que merece atenção e audição aguçadas: Esperanza Spalding. Essa norte americana de 23 anos, cantora e contrabaixista talentosíssima, virá ao Brasil no fim de outubro para um show na capital paulista e outro na carioca.

Considerada a segunda professora mais jovem na história da conceituada Berklee College of Music (o primeiro foi o guitarrista Pat Metheny), Esperanza está lançando seu segundo álbum, chamado Esperanza, récem lançado pela gravadora Universal no país.

Ao associarmos o nome desta estrela em ascenção à crença de tempos melhores, entendemos por que ela está trazendo cada vez mais espectativa: Esperanza divide as funções de contrabaixista e cantora, tarefa complicada num estilo onde o baixo representa mais do que um acompanhamento e a voz facilmente será posta a prova em comparaçãos com Billie Holiday, Nina Simone e Dinah Shore, por exemplo. Ao ouvirmos Precious e She Got to You é fácil perceber pequenas diferenças na pronúncia de certas palavras: não é nada técnico, é apenas a presença de um sorriso, como tantas vezes vimos em suas perfomances ao vivo. Algo tão simples mostra que nós não somos os únicos a se divertir com sua música.

Atráves de um piano envolvente, bateria firme e uma guitarra para a harmonia, canções como Fall In e Espera se tornam baladas sem falsas pretenções de seduzir homens e mulheres carentes. Também há músicas brasileiras no álbum, como Ponta de Areia (de Milton Nascimento e Fernando Brant) e Samba em Prelúdio (de Vinícius de Moraes e Baden Powell), interpretadas com um português quase confundível com o nosso. Suas qualidades nas quatro cordas são o prato final para o perfeito credenciamento de Spalding no jazz atual: apenas tocando na faixa If' That's True, ela conversa com o trompete e o sax bem calma, dando a resposta no timing exato que a melodia pede.

Como toda boa cantora, Esperanza se aventura através do scat sem culpa em Junjo, tema principal do seu primeiro álbum, Junjo, gravado em 2006 e somente comercializado nos EUA até então. Improvisando rapidamente em cima de seus próprios solos no baixo e nos dados pelo piano, a fórmula funciona perfeitamente em todas as outras faixas, onde nenhuma sílaba entendível é pronunciada (com exceção da sussurada Cantora de Yala), afinal, convenhamos, não precisa de muito mais: seu scat não poderia dizer mais do que seu sorriso.

Se quiser escutar algumas canções dela ao vivo, entre no podcast:
Fonte: WBGO.com

2 comentários:

Anônimo disse...

soube que fazes um programa de jazz em uma rádio universitária...pq não coloca os podcasts no blog? seria interessante...

Anônimo disse...

Pois é, suas fontes estão certíssimas! Eu faço um programa chamado Jazz Station todas às sextas das 19h30 às 21h. Pra ouvir é só acessar www.pucrs.br/radiofam e ouvir ao vivo.
Primeiramente obrigado pelo comentário, o número 1 do blog!!!
Comecei o blog com essa idéia de podcast na cabeça, mas tive alguns problemas em converter os programas da fita tape pra mp3. Estou tentando achar alguém que faça ou me ensine como se faz. Tenho uns 10 programas gravados, tanto somente comigo na locução quanto com o antigo grupo que fazia o JS semestre passado, mas que acabou saindo por conflito de agenda.
Enfim, aguarde mais um tempinho que colocarei os podcasts o mais rápido possível. :)
Até lá, visite o Porão do Jazz e acompanhe as matérias. Qualquer sugestão, crítica ou elogio é bem vinda.
Grande abraço,
Cairo